É tão doce olhar à volta, Ver a natureza morta... Sentir que nesta brisa que passa, algo infindo - Como as paredes brancas deste quarto. Seguro-te sem saber porquê, Em miragens de luxúria; Contemplado a tua nudez frígida, Num antagonismo que me adoece. A tua fragilidade mórbida, Que surge como uma sombra... Os olhos fechados que escondem a sua cor; A pele macia que arrefece, apodrecendo... Neste isolamento torturante, A depravação surge com o desespero. Esta agonia que me oprime, Duma nostalgia que ensandece... Entrevejo em modorra, o vulto estático que aguarda; Fazendo estrugir em mim a dor crescente... E olhando para este relógio que não tem horas, Sinto que é o teu toque que vai passando.