A segunda guerra foi o bastante Pra me provar do que sou capaz A barbaridade pode num instante Aparecer em nome da paz E o surrealismo já não parece Tão assustador assim Toda a esperança se esvaece A realidade é só o fim Você me desculpe o pessimismo Se os dias não me fazem sorrir A vida não costuma fazer sentido Por alguma razão eu quero descobrir Cansei de buscar algum caminho Hoje só me preocupo em não morrer Ser superficial não é destino Mas também muito menos é apodrecer Em todas as mentes, em todas as casas Há uma gota de imensidão Em todas as pessoas que nascem com asas Há um delírio movido à paixão Se é oblíquo ou escuro Isso tudo não me interessa E se tudo fica pro futuro Eu também não tenho pressa Mas há alguma coisa dentro de mim Que me diz que nada muda Um cão acorrentado querendo fugir E clamando por ajuda E já não me assusta recriar Essa figura na imaginação O meu alter ego está adoentado É ele quem vive na escuridão